quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

KATE NASH, por Lidia Falavigna.

Olho o cenário musical e imagino qual das representantes femininas realmente dizem alguma coisa sobre o universo feminino da atualidade de forma interessante.

Daí fico pensando qual das cantoras, que são insistentemente forçadas ouvido abaixo no meu dia a dia, essas aí, cujo trabalho fica constantemente a mostra em todos os lugares, pulando na tela do meu computador, tocando na praça da cidade, nos eventos, na TV e no Rádio, qual delas, poderia dizer alguma coisa sobre como eu me sinto diante desse universo todo. Fica difícil, para não dizer impossível, essa identificação.

Vou me isentar de adjetivações, até porque meu diploma não oferece essa competência (se é que algum diploma oferece), mas acho que se você participa desse blog, vai entender a minha frustração quando me deparo com os seguintes exemplares femininos, possivelmente representativos da mulher do século XXI, na música:

Britney Spears, Cristina Aguilera, Rihana, Beyoncé (ainda que eu a considere uma diva, sua música não reflete nada disso para mim), Madona, Ivete Sangalo, Claudia Leite, Joelma, Sandy, Gal Costa, Hebe Camargo, Mulheres Frutas Diversas....

Eu não sou, e muito menos quero ser, parecida com elas. Veja bem, eu não estou falando do individuo, da pessoa que elas são, mas da imagem que elas “vendem” musicalmente. É difícil aceitar que “eu sou uma escrava para você”, que “levanto poeira”, que os meus pés descalços estão sujos, ou que o meu cabelo dá tanto trabalho que não dá nem pra cantar....

Por isso, nesse deserto criativo ao qual estamos submetidas, Kate Nash realmente é uma brisa suave.

 Ela mostra que ainda é possível unir letras criativas, engraçadas e dramáticas, com uma sonoridade simples, mas extremamente eficiente, com poucos instrumentos estrategicamente combinados sem deixar de lado a sua própria voz, um instrumento a parte.

Kate Nash



Personalidade, bom humor, e graça. Suas letras tratam sobre a dificuldade dos relacionamentos, sobre como às vezes nos sentimos desajeitadas, falamos coisas que não deveríamos porque não podemos evitar, sobre a ânsia de conhecer o mundo e ousar mais e mais, de amadurecer, de evoluir e mudar, enfim, de encontrarmos quem somos e o que queremos ser no mundo onde vivemos. Tudo isso com uma sonoridade deliciosa, com um “q” de experimentalismo, que combina com o conteúdo proposto. Além do que, eu tenho que dizer, adoooooro o estilo dela “revisitando os anos 50”, com aqueles vestidinhos simpáticos, os sapatos divinos e acessórios que são o que são: acessórios.

O segundo trabalho mostra um amadurecimento adquirido durante as turnês, ainda que algumas musicas, como “I hate seagulls”, “Paris”, “Don´t you want share the guilt” e “Pickpocket” terem entrado em repertórios de apresentações anteriores como B-sides. Esse segundo trabalho reafirma Kate como uma artista completa, que soube escolher seus parceiros musicais depois do excelente e surpreendente trabalho em “Made of Bricks” , que por ser seu primeiro trabalho levantava a questão: “será que ela vai vingar”?

Diferentemente de Amy Whinehouse, Kate mostra todo o seu talento e equilíbrio, e que sim, não era sorte de principiante, ela veio para ficar! Alguns infortúnios vem mesmo para o bem. A Kate Nash ter quebrado o pé foi a salvação para mim, que estava tão desolada musicalmente... (Sente o drama...)

Por isso, sinto muito, não dá para comparar. Infelizmente, ainda temos que garimpar um pouco para encontrar coisas que valem à pena. Um dia, eu garimpei e encontrei o som da Kate, e muitos outros...

É triste que eles sejam ofuscados por outros tipos de música que muitas vezes nem merecem essa definição, ainda que brilhem mais... O importante mesmo é que eles existem, e que chegam até nós. Talvez eu tire essa parte.

Por isso tudo, seu trabalho vai além do feminino na música, e torna-se universal. Não é musica de “mulherzinha”. É música.

Se você quer conhecer mais sobre a artista, vale a pena ir direto a fonte. Ouça os CDs, são dois, apenas, e visite o site, que é muito legal: www.katenash.co.uk . O site da Rolling Stone disponibilizou uma reportagem rapidinha, que apresenta bem basicamente a artista e traz outras informações: http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/kate-nash/

 
E, aproveite, ela vem para o Brasil!!!!! Um dos shows, em São Paulo, será dia 25/02/11.
 
 
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* Após muita insistência de minha parte, Lidia concordou colaborar com o TOONZINE. Sinto que o Blog carece bastante da visão feminina perante a cena musical atual... nesse texto ela expõe tudo isso, escrevendo sobre uma artista que acompanha e admira.

























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