segunda-feira, 20 de setembro de 2010

I MIGHT GET LOAD, A Todo Volume

Hoje o TOONZINE conta com mais uma "colaboração especial", trata-se do meu brother JP*, responsável pelo Blog CULTOPIA.
Ao longo de quatro anos compartilhamos as cadeiras da faculdade, e também dos bares ao redor, além de ter sido um grande companheiro em tantas bandas que insistíamos em montar. Segue na íntegra a colaboração de JP:

 

Confesso que não sou nenhum especialista em música. Logo, minhas análises nessa área são completamente influenciadas por meus gostos pessoais. Então, quando soube que estavam gravando esse documentário, com dois dos três guitarristas que mais admiro, fiquei muito animado. Afinal, poderia, através de um filme, conhecer mais sobre duas figuras que admiro. E você deve estar se perguntando: "Além de Jimmy Page, qual outro guitarrista do documentário que você é fã?".



Para surpresa e, certamente, revolta de qualquer um que é fã do bom Rock N' Roll, não estava falando de Page. Não gosto muito de Led Zeppelin - apesar de reconhecer que a importância dessa grande banda para a História do Rock.


Falava de The Edge, que é guitarrista de minha banda favorita (se é que tenho uma...), o U2; e de Jack White, um dos rockers que mais passei a admirar nos últimos tempos, não só por sua banda mais famosa (White Stripes), mas mais pelo seu trabalho em The Raconteurs, no qual podemos observar toda sua energia blues e sua crueza nos vocais e na guitarra.


Enfim, por isso me animei em ver esse documentário. E ele não decepciona.

"A tecnologia pode facilitar as coisas pra você. Você vai pra casa mais cedo, mas não vai ter tornar uma pessoa mais criativa"


Logo de início, após construir uma guitarra com um pedaço de madeira e uma garrafa de vidro, Jack White solta essa frase de impacto.


Para contrapor White, somos apresentado ao guitarrista/engenheiro de som, amante da tecnologia, The Edge.


E, por fim, somos apresentados ao mestre Jimmy Page, com humildade e serenidade surpreendente.


O documentário se desenrola basicamente em um bate-papo informal e sem roteiro entre os três e conforme os assuntos vão surgindo, o filme corta para trechos roterizados ou trechos de show das três bandas. Maneira esta, simples e fantástica, pois faz o filme ficar leve e interessante, daqueles que você torce para nunca acabar.


A escolha do trio também me parece eficiente, a medida que escolhe uma lenda viva da guitarra, um guitarrista dos anos 80-90 amante da tecnologia, e um guitarrista atual, influenciado pelo blues. Claro que todo músico, amante do Rock ou curioso, tem uma lista diferente dos três guitarristas que preferia ver em um documentário. Mas isso não diminui em nada a escolha. Muito pelo contrário. Achei ela paradoxalmente simétrica, se é que isso é possível.


The Edge, Jimmy Page e Jack White

Confesso que, ao final do filme, passei a admirar a figura de Jimmy Page. E admirar ainda mais os meus já ídolos.

Jack White, nascido em uma família pobre de Detroit, entre dez irmãos, fugiu da tradição Hip Hop de seu bairro para se tornar guitarrista. No começo, dividia o oficio de guitarrista com o de tapeceiro. Como já dito anteriormente, é amante da guitarra crua e do blues. Entre seus comentários mais marcantes no filme, está o que ele cita que prefere as piores guitarras (mostra que sua guitarra principal, uma airline vermelha, de plástico, foi comprada em uma loja de departamento) e que todo guitarrista deve lutar com seu instrumento.


The Edge, filho de mãe protestante com pai católico, em uma Irlanda dividida justamente por esse fator religioso, também era de família pobre, começou em uma banda de colégio (chamada U2, alguém conhece?), sem pretensão alguma de ser um Rockstar. É muito tímido e confessa que tinha dificuldades em compor, até os atentados do "Domingo Sangrento", que deu origem a clássica Sunday Bloody Sunday, uma das maiores letras da história do Rock N' Roll.


É interessante também os vários trechos em que aparece arranhando o riff de Get On Your Boots. Parece um garoto que acabou de aprender uma música nova. E realmente, Edge deve ter acabado de compor o riff e parece ficar treinando para não esquecê-lo. Isso mostra o quanto um grande guitarrista é um ser humano qualquer...


Já Jimmy Page parece ter vindo de uma família mais abastada. Ganhou uma guitarra quando criança e foi parar em um show de talentos em uma tv britânica. Tocou em várias bandas na Inglaterra até chegar ao Led Zeppelin. O que mais me impressionou em Page é saber que ele já foi de uma banda tão bombástica! Ele parece tão calmo.


Outra coisa que impressiona é o respeito dos dois mais novos por Page. A cena em que ele começa a tocar um riff e os outros dois olham fixamente é de arrepiar.


Grandes guitarristas, grande filme. Daqueles que, para quem não é músico, deixa com vontade de ser. E para quem é (ou é um simples curioso, feito eu), deixa com vontade de tocar guitarra um dia todo, até sangrar os dedos.

Dedos estes que já tanto mancharam de sangue minha strato preta tocando em uma banda com meu companheiro Teeago, do Toonzine, autor dessas fantásticas gravuras. Teeago, grande amigo que tanto faz falta pelas bandas daqui. Bandas, que tanto me faz falta ter uma com ele. Ele, grande guitarrista, do qual Jack White fez me recordar muito, afinal, tem temperamentos e gostos parecidos. Jack White, que canta Steady as She Goes com tanta energia. Steady as she goes, música que sinto tanto falta de cantar com Teeago tocando sua Sunburst, que já lhe arrancou belos nacos dos dedos. Dedos, os dele, que já mancharam muito mais guitarras que os meus...


Grande abraço companheiro! E sucesso com o Toonzine!




***




Minha opinião, aproveitando para responder algumas “deixas” do JP:



Jimmy Page, The Edge e Jack White: três ícones, gênios... ou melhor, guitarristas (não existe termo melhor para definí-los) em um documentário sobre o mais apaixonante dos instrumentos musicais, a guitarra.

Quanto à escolha dos três: Creio que o convite (a três grandes nomes, de diferentes gerações e pontos de vista) foi muito feliz.



Logicamente, se fosse para escolher três guitarristas para estrelar este magnífico documentário, os nomes seriam diferentes, mas ao invés de citar outros tantos guitarristas que adoraria ver em “I Might Get Load”, vou apenas tecer breves comentários sobre os três guitarristas em questão:



Jimmy Page


Nunca fui fã de carterinha do Page, apesar de respeitar a técnica invejável que possui, muito menos do Led Zeppelin. Agora “pós-documentário” criei uma simpatia muito grande por ele.



The Edge

O lance do The Edge com toda a “parafernália tecnológica” é algo que também me deixa “com os 2 pés atrás”. Mesmo assim, percebe-se que suas raízes musicais vão contra tudo isso, e é justamente aí que ele ganha pontos comigo: ele criou o “estilo The Edge” de tocar, um estilo peculiar de tocar guitarra, e isso é louvável!



Jack White


Traz para o rock contemporâneo o que há tempos estava em falta: sentimento, violência, criatividade, amor incondicional ao instrumento... sem palavras.



Seria ótimo se dessem continuidade à idéia. E outros “A Todo Volume” viessem por aí, com outros guitarristas, gêneros, etc. Assistir “I Might Get Load”, como o JP disse, me “deixa com vontade de tocar guitarra um dia todo”.




* A amizade com esse grande brother começou num dia em que ele foi até a faculdade usando uma camisa do U2, aí começou a velha conversa sobre bandas... com algumas afinidades e muitas discordâncias. Um tempo depois veio o convite, por parte do próprio, para que eu passasse a fazer parte da banda em que tocava (onde já havia tocado umas 2 músicas, como "participação especial",numa apresentação na faculdade), por algumas divergências (e incompatibilidade de gêneros), saí da banda... e um tempo depois montamos um "power trio" para tocar canções dos anos 60 e o que mais viesse na cabeça, de Johnny Cash a Queens Of The Stone Age. Com certeza, no futuro vamos tocar em outras tantas a mesmas velhas músicas de sempre ("The Man Who Sold The World", "Folsom Prision Blues", "Cocaine Blues", "Yellow Led Better", "Ask Me"...) não sei ainda quem serão os outros caras, mas o vocal será o JP. Valeu o post velho!



Um comentário:

  1. Valeu irmão!

    Essa será a primeira de muitas colaborações intra-blogs!

    E quem sabe um dia a gente não funda uma espécie de Revista Rolling Stone tupiniquim?

    Abraço!

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